segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

"Na Rota de Le Patriache"


Ricardo sabia que lhe esperava um novo mundo que ainda não tinha vivido, mesmo obtendo informação sobre a comunidade, em Portugal, iria ser uma nova experiência. Chegado ao centro de reabilitação, foi recebido por uma jovem que lhe falou em português, e lhe deu as boas vindas. Paula, a portuguesa que já lá estava há um ano, a primeira pergunta que lhe dirigiu, deixou-o apreensivo:
- És negativo? Ele respondeu: - Como assim?
- Se não estás infetado com o VIH?
- Ah! Não, não tenho o vírus…
- Chamas-te Ricardo, não é?
- Sim, Ricardo, prazer em conhecer-te.
-Sabes, normalmente aqui há dois tipos de residentes, os negativos, sem o vírus, e os positivos que contraíram o vírus. Mas é só isso, convivemos todos juntos, sem problemas.
- Tu vens limpo, ou a ressacar?
- Venho limpo há dois meses, e vim sozinho de Portugal, de autocarro.
Paula irradiou um sorriso e disse:
- Estranho, normalmente, ninguém vem limpo, e nunca vêm sozinhos, sempre acompanhados por familiares.
- Eu vim de livre vontade, penso que será bom para mim.
- Ainda bem que pensas assim. Agora vais ser acompanhado duas semanas por dois residentes, que te darão todo o apoio que necessitares.
O centro era todo ele a um estilo barroco, bem conservado. Tinha um largo pátio com jardim. Ricardo foi conhecendo os residentes que eram de várias nacionalidades, com predominância de espanhóis e italianos. O responsável máximo do centro era um espanhol de nome José, positivo, de poucas falas, mas simpático.
Depois de se inteirar do grupo, começaram a distribuir tarefas. Ao Ricardo e os dois acompanhantes, coube-lhes os animais. Do outro da estrada que passava junto ao centro ficava um grande campo, pertencente ao centro, onde se situava o campo de futebol e os animais. Patos, galinhas, porcos, etc…
Todos os residentes gostavam de ir para os animais, pois não era trabalho duro e estavam mais à vontade, fora dos olhos dos responsáveis do centro. Limitavam-se a dar de comer e a fumar uns cigarros.
Naquela semana, os acompanhantes eram Joseph, italiano, de Génova, e Pietro de Nápoles. Os dois eram seropositivos, mas que não transpareciam as suas enfermidades. Inicialmente, Ricardo tinha uma certa dificuldade em os entender, embora eles falassem castelhano, que era a língua oficial do centro. Praticamente toda a organização era controlada por espanhóis. Eram os mais numerosos.
 
In " Na Rota de Le Patriache "
A editar
(Excerto)
Quito Arantes

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